A HISTORIA DO LIRISMO DOS BLOCOS
Na final da segunda metade do século XIX, o carnaval do
Recife promovido nos salões, pelas sociedades recreativas, com seus
saraus dançantes, bale de mascaras e concursos de fantasias; nas
ruas, a organização ficava por conta das comissões de moradores,
que se encarregavam da animação junto com os clubes pedestres,
maracatus, caboclinhos, bumba-meu-boi, grupo de mascarados, cabendo a
parte musical ao repertorio das bandas de musicas civis e militares
ocupando coretos.
Na década de trinta apareceram na forma conhecida OS
BLOCOS CARNAVALESCOS, acrescentando o mosaico folclórico do
carnaval, mais um gênero musical: A MARCHA-DE-BLOCO. Com uma
introdução vibrante bem a moda das jornadas dos pastoris e
presepes, seguindo de um acompanhamento de um coro de vozes
femininas..
O bloco carnavalesco veio proporcionar condições ao
elemento feminino de participar do carnaval de rua, protegido da
mistura formado geralmente de moças e senhoras da chamada pequena
burguesia, que não, podendo participar dos bailes de clubes (então
privilegio das elites), saiam às ruas protegidas por um cordão de
isolamento separando da multidão, sobe severa vigilância de pais,
maridos, irmãos, noivos, genros e amigos.
Como na jornada do presepis, o elemento feminino formava
o coral do bloco, enquanto os homens encarregava das orquestras,
típicos dos saraus e serenatas, com violões, violinos, violas,
cavaquinhos, bandolins, banjos, flautas, clarinetas, gaita de boca,
saquesofone, bombardinos, pandeiros, ganzá, surdo, caixa (taró).
Assim veio a ser chamado popularmente de ORQUESTRA DE PAU E CORDA.
Vinham às ruas trajando as mesmas fantasias por vezes vestidos e
camisas estampadas de um mesmo tecido, chapéu de palha para homens e
flores na cabeça para mulheres, tendo na abertura um artístico
cartaz, em forma de grande leque aberto, chamado de FLABELO, onde
aparece vazado o nome da agremiação. O passo rasgado, como
registrado nos cordões de clubes e troças não era permitido mas
tão somente uma evolução bem característica as apresentações
dos cordões azul e encarnado, nos tablados dos pastoris.
Ontem, como hoje, o bloco carnavalesco misto, foi a
formula que caiu no gosto da classe media e veio criar um gênero
típico de frevo, por alguns chamados de FREVO DE BLOCO e por outros
MARCHA DE BLOCO, responsável pela maior parte da poesia do nosso
carnaval, capaz de despertar a exclamação do poeta Ascenso
Ferreira:
“Que imensa poesia
dos blocos!”
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